Negociações discretas: O setor privado do Brasil vai tentar negociar uma redução de tarifas, cotas e isenções após anúncio de tarifas por parte de Donald Trump. A aposta agora é por buscar um diálogo, uma brecha que o próprio governo americano sinalizou como opção.
Em recente viagem aos EUA, interlocutores brasileiros ouviram das autoridades americanas de que o pacote de tarifas fazia parte das promessas de campanha e da narrativa de Trump de transformar o país. Ele não teria, portanto, como recuar.
Mas, ainda que eventuais medidas de retaliações sejam adotadas, a Casa Branca informou a deputados republicanos que haveria espaço para negociações. No recente encontro entre o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e deputados da base de Trump, os parlamentares foram informados de que o governo prevê negociações com cada um dos países a partir da próxima semana.
Um segundo instrumento seria a elevação de tarifas. O Itamaraty considera que tem espaço legal para elevar as tarifas para os produtos americanos, sem violar os compromissos do país na OMC. Pelas regras, o Brasil poderia subir as taxas para até 35%, sem incorrer em uma ilegalidade nos tratados.
Um dos problemas é que tal medida poderia afetar as próprias empresas nacionais, que dependem desses produtos americanos. Uma das saídas, portanto, seria uma retaliação em serviços, remessas de royalties por empresas americanas e até no setor de propriedade intelectual.
Denúncia conjunta na OMC – Um terceiro caminho, ainda que simbólico, seria levar a disputa para a OMC, a Organização Mundial do Comércio. Governos como o do Canadá já adotaram a medida e a iniciativa teria como objetivo demonstrar que o Brasil atua pelas regras do comércio, e não por vias unilaterais. Mas com os mecanismos de solução de disputas inoperantes, qualquer ação na OMC levaria anos para trazer qualquer resultado.