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Saiba mais sobre a viticultura no Friuli-Venezia Giulia ou simplesmente Friuli

por Esper Chacur Filho
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Os produtores da região no nordeste da Itália são conhecidos por terem introduzido práticas modernas de vinificação na Itália, especialmente o uso de tanques de aço inox e controle de temperatura, nos anos 1960 e 70

  • Por Esper Chacur Filho
  • 20/04/2025 07h00

Esper Chacur Filho/Jovem Pan

Diversidade e inovação fazem do Friuli-Venezia Giulia, ou simplesmente Friuli, uma das melhores regiões produtoras italianas

Os vinhos brancos italianos, de forma geral, são mais gastronômicos que os franceses ou portugueses, e o crédito está no excelente equilíbrio entre a acidez e a complexidade dos mesmos. Das regiões italianas é no Friuli-Venezia Giulia, que encontramos os brancos mais interessantes. Esta zona produtora, região no nordeste da Itália, faz fronteira com a Áustria e a Eslovênia, e é reconhecida mundialmente por seus vinhos brancos elegantes e expressivos.

A viticultura na região tem raízes milenares, remontando à época dos “Carni”,  em grego antigo Καρνίοι, uma tribo de etnia mística, que deve ter falado uma língua celta ou rética, e que introduziu técnicas avançadas de trabalho de ferro e prata. De acordo com o geógrafo grego Estrabão, os Carni habitavam “o país ao redor do Golfo Adriático e Aquileia” e, por força de sua adoração a Belenus (uma divindade Ceuta ligada a cura), o que é atestado pelas numerosas inscrições votivas encontradas em Aquileia e arredores, eles teriam introduzido técnicas de viticultura antiga para fins de produção de vinho destinado a consagração da divindade. Uma área montanhosa ao norte de Friuli ainda mantém o antigo nome Carnia.

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Ao longo dos séculos, a região assimilou influências eslavas, germânicas e latinas, que se refletem em seus vinhos e sua cultura enogastronômica. A culinária do Friuli é uma mistura de tradições italianas, austro-húngaras e eslavas. É rústica, saborosa e cheia de identidade. O Frico, prato de queijo montasio derretido com batatas e cebola, é apreciado por todo o norte da Itália. O Prosciutto di San Daniele,  presunto curado, leve e aromático, é o símbolo da região.

O “Gulasch friulano” é  inspirado no húngaro, com carne bovina, páprica e polenta, sendo um excelente prato para rigorosos invernos nas montanhas; dos doces, destaco o Gubana, um bolo enrolado recheado com nozes, frutas secas e grappa; a  Presnitz, sobremesa folhada com recheio semelhante ao da Gubana e o sensacional Strucolo, tipo de strudel de origem eslava, com recheios variados. 

Quanto ao clima do Friuli, ele é continental com influência alpina e adriática. Os Alpes ao norte protegem a região dos ventos frios, enquanto o Mar Adriático ao sul suaviza as temperaturas e contribui com brisas que ajudam na maturação das uvas e na sanidade dos vinhedos. A variação térmica entre o dia e a noite favorece a preservação da acidez e dos aromas das uvas.

Os solos variam entre cascalho, argila, calcário e o típico “ponca” (marga calcária e arenito), especialmente encontrado no Collio e Colli Orientali, que confere mineralidade e complexidade aos vinhos. Os produtores da região são conhecidos por terem introduzido práticas modernas de vinificação na Itália, especialmente o uso de tanques de aço inox e controle de temperatura, nos anos 1960 e 70. Isso revolucionou a produção de vinhos brancos frescos e aromáticos. Além disso, algumas vinícolas vêm recuperando técnicas ancestrais, como a maceração pelicular (especialmente para vinhos brancos de casca laranja, os orange wines) e o uso de ânforas. 

As castas mais cultivadas no Friuli são as brancas Friulano (autóctone, símbolo da região), Sauvignon Blanc,  Pinot Grigio, Ribolla Gialla (usada para vinhos brancos e laranjas) e a Malvasia Istriana. As Tintas – menos prevalentes, mas de qualidade – são a Refosco dal Peduncolo Rosso (autóctone, estruturado e picante), Merlot, Cabernet Franc,  Schioppettino e a Pignolo. 

Quanto ao estilo, os vinhos brancos são frescos, minerais, aromáticos e elegantes. Notas de frutas brancas, ervas, flores e às vezes amêndoas. Excelentes para acompanhar comida. Alguns são envelhecidos sobre as borras para mais complexidade. Os Rosés, produzidos em menor quantidade, são delicados, secos e aromáticos, ideais para pratos leves ou como aperitivo. Já os Tintos – mais escassos, porém interessantes –  produzidos a partir das uvas autóctones (Refosco, Pignolo, Schioppettino) são vinhos estruturados, com taninos firmes, notas de especiarias e boa longevidade. 

Entre os produtores mais respeitados da região estão Jermann (Collio – pioneiro na revolução dos brancos friulanos; estaque para o “Vintage Tunina), Livio Felluga (Colli Orientali e Collio – símbolo de elegância e consistência), Ronco del Gnemiz (Colli Orientali – com vinhos de terroir, muito respeitados por especialistas), Vie di Romans (Isonzo – e seus brancos potentes e longevos), Miani (Buttrio, Colli Orientali – e seus vinhos artesanais, raros e cobiçados) e Radikon e Gravner (Oslavia, Collio – ícones do movimento dos vinhos laranja). 

Diversidade e inovação fazem do Friuli-Venezia Giulia, ou simplesmente Friuli, uma das regiões produtoras italianas; mais ainda, mundiais,  que contempla o que mais aguça os sentidos do bebedor de vinho que acredita que há “vida” fora do óbvio. Salut!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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  • esper chacur filho, Friuli, Friuli-Venezia Giulia, gastronomia, vinhos, vinhos brancos italianos

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