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Que tal uma greve?

por admin
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Tem-se falado que a nova geração de meninos não encontra exemplos que façam frente ao modelo ofertado pela masculinidade tóxica. De fato, abundam tipos entre o tosco e o francamente violento assediando as crianças que estão em plena fase de formação e consolidação de suas identidades de gênero.

A ideologia que vendem vem associada à ostentação de bens de consumo, ao poder sobre outros, à indiferença ao sofrimento alheio —temas que caem como uma luva sobre o adolescente. Afinal, eles ainda estão longe de se tornarem independentes financeiramente, têm pouquíssima ascendência sobre os outros e sofrem diante das incertezas do futuro.

Existe um discurso que faz supor que outros modelos, aqueles nos quais a masculinidade não está associada ao pior no humano, não seriam mais encontrados entre nós. Afirmação curiosa quando se pensa que vivemos num país majoritariamente cristão, seja pela vertente católica, seja pela evangélica, seja pela espírita —e mesmo pelo sincretismo com religiões de matriz africana—, no qual a figura de Jesus é central. Pacifista e antirracista por excelência, o modelo de masculinidade apresentado ali já seria eloquente o bastante.

Podemos evocar Nelson Mandela no campo político, e não faltarão exemplos entre homens brasileiros, para quem ser masculino não passa por humilhar ou violentar os outros. Somos nós que escolhemos nossos representantes, e essa escolha não é sem causas e consequências. Mas essa escolha está longe de ser livre: ela é marcada pela forma como elaboramos nossa história pregressa —em grande parte inconsciente— e pelas condições de nossa época.

Hoje, nossa vulnerabilidade estrutural tem servido de porta de entrada para discursos que prometem oferecer um atalho na passagem entre a vida infantil e a adulta.

As redes sociais funcionam à base de fortes emoções, manipulando afetos e fomentando barracos, num modelo de negócio no qual quanto mais aberrante for a situação, maior a chance de que ela capte o interesse do consumidor.

Nesse sentido, os homens que seguem sua vida com dignidade e discrição soam como alternativa apagada e desinteressante para o cardume de jovens direcionado pelo fluxo dos afetos virtuais. Não é fácil para pais, professores e amigos decentes concorrerem com as emoções e promessas de sucesso que as big techs vendem.

Em breve, as pessoas que conheceram um tempo no qual a internet não existia não estarão mais aqui para ajudar a diferenciar o que se perdeu do que se ganhou com a sua chegada. A novidade dará lugar ao corriqueiro, como a luz elétrica, e suas desvantagens serão naturalizadas como um fato da vida moderna.

Se ainda quisermos fazer algo pela nova geração, teremos que ser um pouco mais contundentes. Para lutar contra esse imenso desafio do nosso tempo, tramita pelo Congresso o PL 2630, ou PL das Fake News, como foi apelidada.

Como nos lembra Pedro Hartung, que advoga pelos direitos da criança, no modelo atual de negócio das gigantes da tecnologia só existe um produto à venda: nossa atenção. E, como trabalhadores dependentes e explorados que somos, sugiro um ato de poder a nosso alcance: a greve.

Que tal a sociedade civil organizar, usando as redes, um tempo suficientemente significativo fora delas?

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