Policiais teriam colocado uma jovem no veículo, desviado do trajeto, e, segundo ela, os dois teriam cometido os abusos no interior do carro; caso será avaliado pelo Ministério Público
- Por Jovem Pan
- 17/04/2025 17h10 – Atualizado em 17/04/2025 17h11
PETER LEONE/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
No depoimento, a jovem acusa os policiais de terem tomado seu celular e ficado com sua bolsa
A Polícia Civil indiciou por estupro de vulnerável, nesta quarta-feira, 16, dois policiais militares suspeitos de terem estuprado uma jovem de 20 anos no interior da viatura da Polícia Militar. O fato ocorreu no dia 3 de março, após um desfile de carnaval, em Diadema, no ABC paulista. Os policiais estão presos. Eles negam o crime. A reportagem tenta contato com a defesa de ambos. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que as apurações seguem em andamento também pela Polícia Militar. “A instituição reitera seu compromisso com a legalidade e a transparência, assegurando que qualquer desvio de conduta será apurado e punido com o devido rigor”, diz em nota. Os envolvidos foram indiciados após prestarem depoimentos ao delegado responsável pela investigação, no 26.o Distrito Policial, no Sacomã, na zona sul de São Paulo. Com o indiciamento, os policiais passam a responder formalmente pela acusação. Após a conclusão do inquérito, o caso será avaliado pelo Ministério Público, que decidirá se oferece denúncia contra eles à Justiça.
Os PMs, que atuavam no 24º Batalhão Policial Militar Metropolitano, em Diadema, estavam em patrulhamento na região quando a jovem pediu uma carona. Ela havia acompanhado o desfile de um bloco de carnaval e queria ir para casa. Os policiais teriam colocado a jovem na viatura e desviado do trajeto. Segundo a jovem, os dois teriam cometido os abusos no interior da viatura. Por volta das 22h30, a mulher enviou mensagem de áudio para um tio dizendo que tinha sido estuprada pelos policiais. Ela chegou a gravar um vídeo no interior da viatura, quando questionava os policiais sobre o desvio do percurso até sua casa. Depois do suposto crime, a jovem foi colocada para fora do veículo e pediu ajuda para chegar a uma unidade de saúde. Ela foi atendida em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e encaminhada para um hospital.
Na época, a SSP divulgou nota informando que os dois policiais tinham sido presos em flagrante pelos crimes de abandono de posto e descumprimento de missão, após dar carona a uma jovem de 20 anos, “deixando a área de patrulhamento sem autorização e sem motivo justificado”. A nota diz ainda que, após sair da viatura, a jovem acusou os policiais de estupro e a denúncia passou a ser apurada. A mulher foi submetida a exame de corpo de delito, assim como os policiais, que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes, na capital. No depoimento, a jovem acusa os policiais de terem tomado seu celular e ficado com sua bolsa.
A Polícia Civil requisitou as imagens das câmeras corporais usadas pelos policiais e de câmeras de monitoramento dos locais que teriam sido percorridos pela viatura. Além do depoimento da jovem e dos dois policiais, foram ouvidas testemunhas e avaliados os laudos dos exames da perícia. O delegado que conduz o inquérito concluiu haver indícios de que o crime foi cometido. A autoridade policial decretou sigilo no inquérito para a proteção da vítima e, também, para que a divulgação dos detalhes do caso não atrapalhem a investigação. A Ouvidoria da Polícia informou nesta quinta-feira, 17, que também abriu um procedimento para acompanhar o caso.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Fernando Dias
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