Lar Região Piemonte não é só Barolo e Barbabarsco: conheça os vinhos de Langhe, um dos principais polos vinícolas da Itália

Piemonte não é só Barolo e Barbabarsco: conheça os vinhos de Langhe, um dos principais polos vinícolas da Itália

por Esper Chacur Filho
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Esper Chacur Filho/Arquivo Pessoal

Vinhos de corte refletem a versatilidade e a capacidade dos produtores de Langhe em harmonizar tradição e inovação

Barolo e Barbaresco, diz-se, reinam no Piemonte, e é verdade. Entretanto, a região de Langhe nos entrega muitos mais vinhos que não só estes dois icônicos piemonteses. A viticultura em m Langhe remonta há séculos, com registros que indicam a produção de vinhos desde a época romana. Ao longo dos anos, a região consolidou-se como um dos principais polos vinícolas da Itália, combinando técnicas tradicionais com inovações modernas para produzir vinhos de alta qualidade. Localiza-se na região noroeste da Itália, no baixo Piemonte, entre o Rio Pó e os Apeninos da Ligúria, acerca de uma hora ao sul de Turim, capital do Piemonte. Cabe ressaltar que Alba destaca-se como a principal cidade produtora de vinhos em Langhe. Situada no coração da região, é um centro vital para a produção e comércio de vinhos, além de ser famosa por suas trufas brancas.

Sobre as denominações de origem, é importante ressaltar que as denominações “Barolo” e “Barbaresco” são reservadas para vinhos tintos produzidos exclusivamente a partir da uva Nebbiolo, seguindo regras rigorosas de produção e envelhecimento, dentro de uma área geográfica específica que inclui 11 comunas, como Barolo, Serralunga d’Alba e La Morra. Já a denominação “Langhe” é mais ampla e flexível, permitindo a produção de vinhos tintos, brancos e espumantes a partir de diversas variedades de uvas, abrangendo uma área geográfica maior dentro do Piemonte. O Langhe produz vinhos tintos a partir de uvas como Dolcetto, Freisa, Barbera  e Nebbiolo. O Dolcetto resulta em vinhos frutados, com taninos suaves e acidez moderada, tornando-os agradáveis para consumo jovem.

Já os vinhos de Nebbiolo, fora das denominações Barolo e Barbaresco, apresentam notas de frutas vermelhas, flores e especiarias, com estrutura tânica marcante e bom potencial de envelhecimento. Os Barberas são notáveis por sua acidez, e os Freisas, pela delicadeza. Os vinhos brancos do Langhe são frequentemente elaborados a partir das uvas Arneis e Cortese. O Arneis  origina vinhos aromáticos, com notas de frutas de caroço, flores brancas e uma acidez equilibrada. O Cortese, por sua vez, produz vinhos leves, frescos e com toques cítricos.

A região, também, é conhecida pela produção do Moscato d’Asti, um espumante doce e aromático, elaborado a partir da uva Moscato Bianco. Apresenta aromas intensos de frutas como pêssego e damasco, além de flores brancas, com uma doçura equilibrada e baixo teor alcoólico. Os vinhos tintos de Langhe, elaborados a partir de uvas como Dolcetto e Freisa, geralmente são destinados ao consumo mais jovem, apresentando uma longevidade menor em comparação aos robustos Barolo e Barbaresco. Esses vinhos tendem a ser consumidos entre 2 a 5 anos após a safra, mantendo sua vivacidade e frescor. Os viticultores de Langhe adotam práticas que valorizam a sustentabilidade e a expressão do terroir. Há uma tendência crescente em direção ao cultivo orgânico e biodinâmico, visando a manutenção da biodiversidade e a saúde do solo.

A colheita é predominantemente manual, permitindo uma seleção cuidadosa dos cachos. A escolha do momento ideal para a colheita é crucial, especialmente para variedades como a Arneis, garantindo o equilíbrio entre acidez e maturação fenólica. Após a colheita, as uvas passam por desengace e prensagem suave. A fermentação é conduzida em temperaturas controladas para preservar os aromas varietais. No caso dos brancos, como os de Arneis, a fermentação ocorre em tanques de aço inoxidável, mantendo a frescura e a pureza aromática. Embora a produção de vinhos varietais seja predominante, alguns produtores de Langhe elaboram vinhos de corte (assemblage),  sendo que merecem destaque os de Monferrato Rosso (DOC) e os ditos Langhe Rosso. Esses vinhos de corte refletem a versatilidade e a capacidade dos produtores de Langhe em harmonizar tradição e inovação, resultando em rótulos que agradam a diversos paladares.

Vou sugerir alguns vinhos do Langhe, todos mais acessíveis e mais fáceis de beber que seus nobres irmãos Barolo e Barbaresco. E começo pelo Abbona Marziano Langhe Barbera Casaret, tinto fresco e com ótima acidez, por conta da casta Barbera. O  Langhe Nebbiolo DOC Firagnetti, é um tinto encorpado, produzido por vinificação  sustentável e que acompanha muito bem massas recheadas e carnes bem temperadas. O Brandini Filari Lunghi Dolcetto D Alba é uma ótima pedida para se conhecer os tintos desta uva meio marginalizada por aqui; ele é fácil de beber, dotado de ótima acidez e segue muito bem com carnes grelhadas, polpetone com molho de tomate fresco e risottos em geral. Um branco excepcional do Langhe é o Pio Cesare Chardonnay L’Altro, que segura bem uma lagosta ao molho cremoso de estragão, o risotto de açafrão com abóbora e gorgonzola e o delicioso vitello tonnato. Da casta nativa Cortese, sugiro um vinho simples e muito bom, o Toso Piemonte Cortese DOC, que vai bem com pratos frio  em geral, inclusive ostras ao natural. E, encerrando as sugestões, um espumante que vai bem com sobremesas doces, queijos fortes e até sorvetes: o Espumante Asti Patrizi  DOCG (Manfredi), da casta Moscato. Langhe, vale a pena conhecer e explorar seus vinhos. Salut!!

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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