O Dia Mundial dos Animais de Rua foi celebrado na última quinta-feira (4). Atualmente, cerca de 35% dos cães e gatos de todo o mundo vivem nas ruas ou estão em abrigos, à espera de um lar.
No Brasil, aproximadamente 25% dos animais estão em situação de abandono. Esses números fazem parte da pesquisa “Índice de Abandono Animal”, realizada pela Mars Petcare em parceria com um grupo global de especialistas.
Ao todo, dados de mais de 900 fontes globais e locais, juntamente com quase 30 mil pesquisas públicas e 200 entrevistas com especialistas foram levados em consideração para construir um panorama sobre a vida de bichinhos de rua em 20 países, dentre eles Brasil, Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.
No entanto, nos últimos anos, além das feiras de adoção, que já se tornaram populares em todo o país, inclusive integrando a programação de shoppings aos finais de semana, outras iniciativas passaram a ser promovidas com o intuito de estimular a adoção responsável.
Opções alternativas à feira de adoção
Uma delas é o pet yoga, que une a atividade física com a presença de filhotes pelo local, promovendo uma conexão leve e natural entre eles e destinando parte do valor obtido para a causa animal, com os lucros sendo doados à ONGs parceiras.
Outra opção é o drink & dogs, que funciona da seguinte forma: enquanto interagem com os animais, os humanos aprendem receitas de drinks, tanto para eles, quanto para os amigos de quatro patas, que podem ser reproduzidos posteriormente em casa.
Ambas as ações são promovidas pela Associação Desabandone, que surgiu em 2012 como uma campanha de conscientização para o alto índice de abandono de animais, aliado ao incentivo à adoção. A transformação oficial em ONG ocorreu três anos depois, em 2015.
O dog yoga, que está em alta no Brasil e se mostra como uma alternativa para que as pessoas se conectem de forma mais leve e natural aos bichinhos, passou a integrar a agenda de eventos da equipe há dois anos, após uma voluntária ver que a iniciativa estava viralizada nos Estados Unidos.
Promovida com cães e gatos, tornou-se popular em vários locais, como, por exemplo, em São Paulo, principalmente entre o público mais jovem e que é mais adepto ao TikTok, onde vídeos sobre as aulas de ‘derreter o coração’ são compartilhados pelos usuários.
“Muitas vezes quando as pessoas vão numa feirinha de adoção não passam muito tempo com o animal, elas vão por uma coisa mais estética, então é o cachorro que eu achei mais bonitinho ou o cachorro que eu achei mais legal. E, às vezes, ao passar mais tempo no local, pode ter outro cachorro que tenha uma personalidade muito legal e que você vai gostar mais do que aquele que você queria, só porque era bonito”, destaca Luiza Júlio Campos, presidente da Associação Desabandone.
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Apesar da feira de adoção ainda integrar a programação mensal da ONG, as novas alternativas também são vistas de forma positiva pela equipe: “Acho que é um jeito muito positivo [de apoiar a causa], eu acho que tem atraído mais pessoas, e além disso, esse tipo de evento é que hoje faz a gente funcionar e continuar resgatando. Às vezes, a gente recebe doação e tal, mas não é uma coisa muito constante e frequente. Realizando esse evento mensal a gente consegue sustentar os animais que a gente tem também, o que é bem legal”.
Além de promoverem as adoções, os voluntários ainda realizam resgates de animais abandonados nas ruas, que ao serem encontrados, são levados ao veterinário para receberem os primeiros cuidados, como a aplicação de vacinas e vermífugos, e só depois do primeiro evento que participam entram na fila juntos com os outros em busca de um lar.
Ao participarem da ação e não encontrarem uma família, são posteriormente divulgados no Instagram, para que os apoiadores e seguidores da ONG os conheçam e possam demonstrar interesse em se tornar a família deles.
Para participar, é necessário que o adotante tenha mais de 25 anos, apresente o comprovante de residência e um documento com foto. Mostrar um vídeo do lugar em que mora também é importante, para que a equipe conheça o local no qual o animal viverá. Caso a pessoa não se encaixe nessa faixa-etária, os pais devem estar cientes do interesse e aprovar a adoção mediante entrevista com os organizadores. A taxa custa R$ 250, sendo esta utilizada para dar continuidade ao trabalho realizado com os animais resgatados.
Para participar das iniciativas, os interessados devem acompanhar as redes sociais da associação para saber quando e onde elas ocorrerão, além de obter todas as informações necessárias, como, por exemplo, como, onde e por quanto podem adquirir ingressos. No mês de março, 37 animais conseguiram um novo lar, chegando, ao todo, a 100 adoções em 2025. Em abril, a agenda deles prevê um dog yoga em 26 de abril na Pelos e Patas Petstore.
Café e adoção
Ainda em São Paulo, outra iniciativa está disponível à população: os cat cafés, que tiveram início em Taiwan e conquistaram o coração de milhares de admiradores pelo mundo. O ambiente possibilita que as pessoas tenham o prazer de tomar um bom café com a experiência de interagir com gatinhos à procura de uma casa.
Um deles é o Gateria Cat Cafe, localizado na Vila Mariana, e fruto da parceria entre duas irmãs, Bruna Gonzaga de Oliveira Paroni e Luana Gonzaga de Oliveira Paroni, que dividem essas duas paixões: os felinos e o empreendedorismo, que já fazia parte da história familiar delas.
No local, o público pode desfrutar de um cardápio completo de cafés, chás, bolos e brunches e em seguida seguir para uma experiência com os bichinhos no Jardim dos Gatos, onde cada visitante pode ficar por 30 minutos aproveitando a presença deles e os conhecendo melhor. No entanto, é claro, devem seguir regras básicas e necessárias para o mantimento da qualidade de vida de cada um deles.
Para entrar, é necessário pagar uma taxa de R$ 19,70 – valor que é revertido para o cuidado dos gatinhos e para apoiar instituições parceiras. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente pelo Sympla, mas também pessoalmente ao chegar no local.
O empreendimento ainda conta com a realização de pet yoga aos fins de semana, ideia que surgiu depois de alguns anos da criação do estabelecimento, contando com 1h de programação voltada exclusivamente para a aula e 30 minutos apenas para interação com os animais.
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A proposta, assim como todas as outras que tem como objetivo encontrar um lar para os animais, é vista por elas como positiva para a causa animal, inclusive, levando em consideração o fato de que os gatos, por apresentarem questões mais complexas de comportamento, podem não se sentir 100% confortáveis na feira de adoção.
“Acho que o grande diferencial que a gente tem aqui é que como os gatos são resgatados pelas ONGs e ficam aqui como lar temporário, eles conseguem se adaptar com um mais tempo e consequentemente ficarem mais relaxados, então a gente consegue interagir com os gatos da forma como eles realmente são e sentir mais a personalidade deles”, ressalta Bruna Gonzaga.
Para receberem lar temporário no espaço separado do café e destinado exclusivamente para cada um deles, todos devem estar castrados, vacinados, vermifugados, protegidos com antipulgas e com testes negativos para FIV e FELV. “É um protocolo bem extenso que a gente exige para saber que os gatinhos estão saudáveis e que não vai existir nenhum tipo de contaminação entre eles. Então o gatinho, cumprindo todos esses pré-requisitos e sendo um gato sociável, pode ficar aqui com a gente como lar temporário, o tempo que for necessário”, esclarece Luana Gonzaga.
Ao realizar uma visita, os interessados em adotar um felino devem preencher o formulário de adoção, que é organizado por ordem de interesse e segue diretamente para ONG que os resgatou. A organização é responsável por todo o processo de adoção, que inclui uma entrevista para entender se a pessoa atende todos os pré-requisitos necessários, como, por exemplo, um ambiente todo telhado onde mora.
A cada dia, as iniciativas listadas acima crescem em meio aos habitantes. Mas o questionamento que fica é: seriam elas a solução para aumentar o número de adoções no Brasil e em todo o mundo? Essa é uma pergunta difícil de se responder, já que engloba inúmeros fatores. Entretanto, faz-se necessário destacar que elas não deixam de ser formas positivas de apoiar a causa animal, e que sim, são benéficas para encontrar novas famílias para os pets em meio a tantos abandonos.