Jovem Pan > Entretenimento > Lifestyle > Óculos como peças de luxo: designer de Carlinhos Brown e Ratinho faz história no exterior
Detentor de vários prêmios internacionais, o brasileiro Filipe Diniz produz peças artesanais exclusivas em acetato de celulose ou chifre de búfalo indiano
- Por Renata Rode (colaboração para a Jovem Pan)
- 11/05/2025 06h09
Reprodução/Instagram/@filipedinizdesigner
O designer Filipe Diniz se apaixonou pelo mercado de óculos após trabalhar em uma ótica, logo após a faculdade
Baiano de nascença, Filipe Diniz é referência em designer óptico brasileiro com repercussão internacional. Responsável pelo design de óculos de várias celebridades como Carlinhos Brown e Ratinho, iniciou sua carreira na indústria Master Glasses, umas das líderes nacionais do segmento, onde foi responsável pela criação de diversas coleções próprias da empresa e das licenças Disney Company no país.
Visionário, também foi o designer responsável pelas coleções ópticas das esportivas Olympikus e Body Glove. Como empreendedor, lançou a marca Feroce Eyewear, que posteriormente foi vendida para um grupo chinês que comercializa os itens no mundo todo. “Hoje, morando em Lyon, na França, divido meu tempo entre a produção de peças de luxo e o trabalho como diretor de design do Grupo Óptico francês Opal, líder europeu que comercializa 4 milhões de pares por ano, em mais de 70 países”, comenta.
Detentor de vários prêmios internacionais, o designer brasileiro produz peças artesanais exclusivas em acetato de celulose ou chifre de búfalo indiano e propaga a arte sem fronteiras. “Minhas criações são enviadas para clientes e artistas em diversas localizações como Bélgica, Inglaterra, Espanha e até para membros da ONU, na Suíça, com muita honra”.
No Brasil, Filipe é queridinho de celebridades, como o cantor Carlinhos Brown, que possui mais de 10 peças do Filipe Diniz em sua coleção, o jornalista Felipeh Campos e o apresentador Ratinho. A pedido do portal Jovem Pan, ele nos atendeu para uma entrevista exclusiva e falou sobre a carreira, o mercado e expectativas.
Como você se apaixonou pelo mercado de óculos?
Eu entrei no ramo óptico totalmente por acaso, depois de finalizar a faculdade de design. Bati em uma fábrica de armações em busca de emprego e assim nasceu meu amor por esse acessório. Insisto em dizer que óculos é o único que tem equilíbrio perfeito entre moda, comunicação e saúde. É através das lentes dos nossos óculos que vemos e vivemos as experiências de nossas vidas.
Da Bahia para o mundo: como você se vê sendo um brasileiro premiado e reconhecido internacionalmente?
Eu sou muito feliz e grato por tudo que conquistei. Eu comecei a visitar as feiras internacionais de Milão e Paris logo no início da minha carreira e posso afirmar que tudo parecia ser muito distante pra mim. O Brasil não tem nenhuma tradição internacional com o design e a fabricação de óculos, então, nessa época, não imaginava que pudesse chegar onde cheguei. Nem por isso me limitei ou me diminuí, aliás, nunca. Quando coloquei minha mochila nas costas e vim escrever minha história na França, foi com o objetivo de eliminar essas distâncias e alcançar meus sonhos. É muito prazeroso inspirar e de alguma forma servir de exemplo para os novos profissionais e representar o Brasil entre os grandes nomes do mercado mundial.
O que você diria para o Filipe aos 10 anos de idade e aos 20 anos, se tivesse chance hoje?
Para o Filipe de 10 anos eu acho que não diria grande coisa. Ele estava no caminho certo: desenhava o tempo todo e começava a descobrir gênios como Salvador Dalí. Já para o Filipe de 20 anos eu diria para ter mais foco. Embora boa parte do que sou hoje venha da rebeldia dessa idade, eu acho que cresci muito depois que me concentrei e decidi que eu era um designer óptico e decidi me especializar ao máximo nisso. Mas aquele jovem inquieto tinha razão em uma coisa: o mundo é menor do que imaginamos.
O premiado designer Filipe Diniz (Divulgação)
O mercado de produção artesanal de óculos está crescendo no Brasil e no mundo?
A fabricação artesanal é uma tendência mundial, pois responde e resolve várias questões e problemas do nosso setor. As preocupações ambientais geradas pela fabricação em massa, os enormes estoques que vão parar no lixo, o consumo exagerado e o mais importante, o atendimento humanizado ressurgiu. Nesse mundo de tecnologias e inteligências artificiais, os óculos artesanais são feitos através de uma relação de dois seres humanos, e esse objeto único harmoniza com as características físicas, expressa a personalidade do usuário e gera o conforto de uma peça feita sob medida. Depois de ser o primeiro designer brasileiro indicado ao Silmo D’or em Paris (prêmio que é considerado o Oscar do setor óptico mundial), meu nome passou a ser muito falado no mercado brasileiro e o interesse pelo meu trabalho cresceu. Assim lancei um curso 100% digital de fabricação artesanal de óculos e já formei 70 novos profissionais no mercado. Meu objetivo é criar a cultura do design e da fabricação de óculos no Brasil, criando espaço para as futuras gerações e alcançando o mercado mundial.
Quais as expectativas para o segundo semestre do ano com relação à sua marca?
Estou com muitos convites para projetos no Brasil e, provavelmente, no final do ano irei lançar uma coleção de peças exclusivas e únicas, fabricadas em meu ateliê em Lyon, na França. Nosso curso agora vai ganhar versões em inglês, italiano, espanhol e francês. Isso me deixa muito animado, afinal sou um brasileiro que exporta conteúdo de qualidade para outros países. Além disso, em junho nasce minha segunda filha e tenho uma fila de espera de clientes que aguardam a fabricação de suas peças sob medida. O desafio é encaixar tudo isso em um dia com 24 horas, mas com a ajuda da esposa e da filha e muito amor envolvido, no fim, tudo se encaixa, como um óculos feito especialmente e sob medida, não é mesmo?
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