Jovem Pan > Notícias > Mundo > Lula e Xi Jinping chegam a Moscou para comemorações da vitória da Rússia sobre a Alemanha nazista em 1945
Na sexta-feira, o encontro de Lula com Putin poderá ser uma ‘oportunidade para uma conversa’ sobre a Ucrânia, após as tentativas infrutíferas do petista para impulsionar um plano de paz em conjunto com a China
- Por Jovem Pan
- 07/05/2025 20h28
Ricardo Stuckert / PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante chegada a Moscou nesta quarta-feira (7)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe de Estado chinês, Xi Jinping, chegaram a Moscou, nesta quarta-feira (7), para o 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, e vão aproveitar a visita — assim como o venezuelano, Nicolás Maduro, e o cubano, Miguel Díaz-Canel — para se reunir com o anfitrião, Vladimir Putin.
A Praça Vermelha de Moscou será o cenário de uma grande parada militar na sexta-feira (9), da qual vão participar cerca de 30 dirigentes. Putin se reuniu nesta quarta com Maduro, com quem assinou um “tratado de associação estratégica” por dez anos. Mais tarde, falou com Díaz-Canel, que reafirmou que a “unidade” da ilha com a Rússia permitirá que eles enfrentem os desafios atuais e futuros.
Na sexta-feira, o encontro com Lula será uma “oportunidade para uma conversa” sobre a Ucrânia, após as tentativas infrutíferas do presidente brasileiro para impulsionar um plano alternativo de paz em conjunto com a China, segundo diplomatas brasileiros. O presidente chinês também vai abordar o conflito na Ucrânia e as relações com os Estados Unidos na quinta-feira, em outra reunião bilateral com Putin.
A reunião ocorre em um momento de aparente estagnação nos esforços para pôr fim às hostilidades na Ucrânia e em plena guerra comercial entre Washington e Pequim. O chefe do Kremlin rejeitou uma trégua de 30 dias proposta por Kiev e anunciou em seu lugar um cessar-fogo unilateral de quinta a sábado, descartado pela Ucrânia.
O assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, informou a jornalistas que Xi e Putin vão adotar duas declarações conjuntas, uma sobre as relações bilaterais e outra sobre a “estabilidade estratégica mundial”. Antes do encontro, Xi pediu para “rejeitar qualquer tentativa de perturbar ou minar a amizade e a confiança mútua” entre os dois países, segundo a agência oficial Xinhua, que citou um artigo do dirigente chinês, publicado em um jornal russo nesta quarta.
“Com a determinação e a resiliência da cooperação estratégica sino-russa, temos que trabalhar juntos para promover um mundo multipolar e construir uma comunidade de destino para a humanidade”, enfatizou Xi. As declarações destacam a aliança das duas potências diante dos países do Ocidente e da guerra comercial lançada pelo governo Trump, com sobretaxas direcionadas à China.
Proximidade crescente
Mais de uma centena de soldados chineses vão participar do desfile na sexta-feira, apesar de a Ucrânia ter advertido que verá qualquer participação estrangeira como “um apoio ao Estado agressor” russo. A Segunda Guerra Mundial, que a Rússia chama de “Grande Guerra Patriótica”, teve um impacto devastador sobre a antiga União Soviética, onde morreram mais de 20 milhões de pessoas.
Putin transformou o dia 9 de maio no principal feriado russo e apresentou seu Exército como um grande combatente contra o fascismo, traçando paralelos entre a ofensiva contra a Ucrânia e a luta contra os nazistas. A China, por sua vez, diz ser um ator neutro no conflito que se arrasta há três anos, embora os países ocidentais indiquem que sua proximidade com a Rússia forneceu apoio econômico e diplomático crucial para Moscou.
Em abril, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky acusou a China de fornecer armas à Rússia e afirmou que Pequim sabia de pelo menos 155 chineses lutando ao lado das forças russas. Pequim negou que seus cidadãos estivessem sendo recrutados maciçamente pela Rússia e pediu aos chineses que não se envolvam no conflito. Também rejeitou a versão de que fornece armas para qualquer lado do conflito.
No entanto, China e Rússia fortaleceram seus laços na última década. Pequim se tornou o principal parceiro comercial de Moscou, que enfrenta sanções ocidentais. Já a Rússia é o quinto maior parceiro comercial da China, que depende muito de seu gás natural e petróleo.
Depois que a Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia, as empresas chinesas rapidamente preencheram o vácuo deixado pelo êxodo de empresas ocidentais, especialmente no setor automotivo. Os dois países converteram quase todas as suas transações comerciais para moedas locais, com 95% de seus pagamentos feitos em rublos e iuanes.
*Com informações da AFP
Publicado por Carolina Ferreira
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