Jovem Pan > Notícias > Mundo > Greve na Argentina contra reajustes de Milei faz voos serem cancelados e afeta circulação de metrô

Diferentemente das greves de janeiro e maio do ano passado, as ruas de Buenos Aires apresentaram adesão mista, principalmente porque o principal sindicato dos motoristas de ônibus não cumpriu a medida

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2025 17h19

JUAN MABROMATA / AFP

Faixa convocando a greve permanece colada na janela de um escritório da Administração Nacional de Seguridade Social (ANSES) na estação de trem de Constituição durante uma greve de 24 horas convocada por sindicatos de trabalhadores contra as políticas econômicas do presidente Javier Milei em Buenos Aires

A Argentina enfrenta nesta quinta-feira (10) sua terceira greve geral em protesto contra as medidas de ajuste fiscal implementadas pelo governo de Javier Milei. A mobilização, organizada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), conta com a participação de sindicatos de várias áreas, como transporte, educação, saúde e administração pública, resultando em voos cancelados e a interrupção do metrô e dos trens na capital, Buenos Aires. Diferentemente das greves de janeiro e maio do ano passado, as ruas de Buenos Aires apresentaram adesão mista, principalmente porque o principal sindicato dos motoristas de ônibus não cumpriu a medida, facilitando assim o deslocamento para o trabalho. A adesão foi alta entre os funcionários públicos, mas muitas lojas estavam abertas e parte do transporte público circulava. Estações de trem e metrô estavam vazias, e mais de 250 voos foram cancelados nesta terceira paralisação liderada pelos principais sindicatos desde que Milei chegou ao poder em dezembro de 2023. A estatal Aerolíneas Argentinas, maior companhia aérea do país, informou que 20.000 passageiros foram afetados pelo cancelamento de 258 voos, 17 deles em rotas internacionais, o que representa um custo estimado de 3 milhões de dólares (17 milhões de reais) para a empresa.

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A CGT critica o impacto desproporcional do ajuste fiscal sobre trabalhadores e aposentados, enquanto o setor financeiro continua a lucrar. A central sindical expressa sua insatisfação com as privatizações e os cortes nos orçamentos destinados à saúde e à educação, exigindo negociações para aumentos salariais e a retomada de obras públicas. A “ação sindical” de 36 horas começou na quarta-feira (9) com uma manifestação em frente ao Congresso para acompanhar a marcha semanal dos aposentados, os mais afetados pelos cortes de Milei, e continuará até meia-noite de sexta-feira (11). “A adesão dos servidores públicos é enorme, todos os escritórios estão fechados”, comemorou Rodolfo Aguiar, secretário-geral da associação da classe, à rádio La Red. “É a medida de resistência de maior consenso na rejeição às políticas do governo nacional”.

Por outro lado, o governo argumenta que os cortes de gastos são essenciais para a recuperação econômica e para a redução da inflação, que apresentou uma queda significativa, passando de 289% em março de 2024 para 66% em fevereiro de 2025. No entanto, opositores afirmam que os trabalhadores e as camadas mais vulneráveis da população estão suportando o peso da estabilização dos preços. A situação da pobreza na Argentina é alarmante, com mais de 54% da população vivendo nessa condição no primeiro semestre de 2024. Contudo, esse índice apresentou uma leve melhora, caindo para 38% no segundo semestre do mesmo ano. A greve deixa o governo em suspense depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na terça-feira que o acordo técnico de 20 bilhões de dólares (118 bilhões de reais) com a Argentina está pronto para revisão pelo conselho de diretores da organização “nos próximos dias”.

A greve marca uma deterioração no clima social após dezenas de milhares de demissões e 15 meses consecutivos de queda no consumo durante a presidência de Milei. Ao ajustar os gastos públicos, o presidente reduziu a inflação de 211% em 2023 para 118% no ano passado, o que ajudou a trazer a pobreza de volta aos níveis de 2023 (38%), após tê-la reduzido para 52,9% no primeiro semestre de seu governo.

*Com informações da AFP
Publicado por Sarah Paula

  • Tags:
  • Argentina, javier milei

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