Exclusivo: fui jantar no disputado ‘Rincon Escondido’ e conto tudo

Jovem Pan > Opinião Jovem Pan > Comentaristas > Renata Rode > Exclusivo: fui jantar no disputado ‘Rincon Escondido’ e conto tudo

São 11 anos promovendo encontros em torno da brasa em uma charmosa casa com quintal na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo e eu me pergunto como eu não conhecia antes o Rincon Escondido. A casa é referência quando o assunto é parrilla, seja nos cursos para entusiastas, nos jantares da confraria ou em eventos corporativos.

A ideia nasceu do encontro de um argentino, o Chico Mancuso e um filho de uruguaios, o Alan Edelstein, que compartilharam um sonho que se tornou realidade: criar um espaço que atendesse de maneira diferenciada clientes selecionados em experiências únicas. “Unimos nossos conhecimentos adquiridos com autoridade, fruto do trabalho e da experiência como consultores e curadores nesse segmento. Aqui, propagamos a cultura em que crescemos desde a infância na materialização de um local onde podemos reunir amigos, famílias e amantes da parrilla ao redor do fogo”, explica Chico, o grande mestre à frente da La Poderosa, equipamento construído em parceria com a Largrill exclusivamente para o espaço.

Durante a pandemia, a dupla de empresários e os funcionários do Rincon enfrentaram o desafio de atender de maneira virtual os clientes, com lives informativas, envio de Kits Experiência para os membros da Confraria Los Pibes, além de um Curso Online sobre o mundo da parrilla. A novidade, que chegou com um misto de curiosidade e muita preocupação, acabou se transformando em pura inovação no meio, servindo como uma ferramenta incrível para manter a marca e o negócio em pleno funcionamento.

“Foram incontáveis experiências, eventos, desafios, sacos de lenha e carvão, kilos de carnes e dois endereços físicos para o nosso rinconcito. Sempre pensando em entregar a melhor experiência, com atenção aos mínimos detalhes, como também a qualidade de tudo que é servido”, completa Alan, responsável pela produção dos encontros.

Como foi para mim, a experiência única

Os almoços e jantares são realizados somente no formato de experiência, o que já aguça a curiosidade porque tudo, na explicação dos garçons, foi cuidadosamente pensado e harmonizado. A casa só trabalha com esse tipo de atendimento com venda de ingressos antecipadamente, ou seja, o Rincon Escondido abre em dias distintos, com compra antecipada pelo site. Os preços são a partir de R$ 399 por pessoa (a depender da data e menu), crianças de até 5 anos não pagam e de 6 a 12 anos, pagam meia.

Fomos avisados que o ideal era estarmos na mesa em um determinado horário para não atrapalhar a sequência de pratos e toda logística do local. Desde o momento de confirmação da reserva, até o “boa noite’ do manobrista ao gentilmente fechar a porta do carro para mim, preciso destacar a postura de toda equipe de atendimento. Da hostess aos garçons, dos meninos no fogo à moça da Copa, simplesmente o time é fantástico e faz com que a atmosfera do local emane energia boa.

Você se sente “abraçado” porque percebe que todos estão ali por prazer, sabe? Até tive a chance de conversar com o Valdir Carvalho, que ficou sob a responsabilidade de servir nossa mesa e fez isso com maestria. A cada entrada, ele explica porque o vinho sugerido é aquele e conta a história do prato e curiosidades. É uma viagem gastronômica e cultural simplesmente inesquecível.

Sem falar do local: o quintal intimista, com chão de pedras, mesas confortáveis e a La Poderosa ao fundo parece um lugar mágico. Os lugares ficam espalhados dentre as árvores e você até esquece por alguns minutos que está na capital paulista.

Como o menu se modifica a cada evento anunciado, vou falar no geral sobre o que nos foi servido e o que senti. Como já disse na matéria, a noite pra mim reafirmou o protagonismo das culturas gastronômicas unidas, no preparo de carnes, frutos-do-mar e vegetais, entre outros alimentos, em carvão e lenha. Geralmente o chef serve um antepasto, depois quatro tipos de entrada (em formato degustação super bem servido), aí vem o primeiro prato, ainda, o prato principal e a sobremesa. Nessa noite degustei como prato principal o Bife Ancho 481 com Humita en Olla: divino. Sem falar que me apaixonei pela Paleta de Cordeiro 481 desfiada com purê de mandioquinha e Sauer Cream que foi servida como uma das entradas. E sim, é muita comida inclusa e com a bebida alcóolica também nos pacotes.

A convite da equipe, cheguei perto da brasa e experimentei cortes sensacionais com o chef ali, direto no balcão. Sabe aquela coisa de memória afetiva com comida? O gosto extraordinário da carne perdurou por dias na minha lembrança e dá água na boca até hoje (esse é o ponto negativo da experiência, hahaha). E olha que eu nem gosto de costela, mas aquela, eu comi por insistência deles e simplesmente, amei.

A técnica é distinta do churrasco brasileiro e conta com cortes bovinos diferenciados, como asado de tira (costela na transversal), bife de tira e tapa de cuadril (picanha), bife de chorizo (contra filé), ancho (entrecôte ou ribeye), além de achurras (miúdos do boi), cordeiro, embutidos suínos e a carne mais sofisticada do mundo: o wagyu.

Realmente eles fazem jus ao slogan que pregam: “La vida és una sucesión de asados” e eu não poderia terminar meu relato sem falar da sobremesa, quem me conhece sabe o quanto amo e, mais uma vez, fui surpreendida. A panqueca de doce de leite com sorvete de baunilha tem gosto de arco-íris, ou seja, é digna de comer ajoelhada, mas o chão de pedrinhas e minha credibilidade enquanto colunista da Jovem Pan, não permite.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.