Jovem Pan > Edicase > Viva melhor > Entenda os benefícios de caminhar para trás na esteira

A caminhada reversa é indicada em casos de reabilitação, treinos funcionais ou voltados para a prática de certos esportes

  • Por EdiCase
  • 16/04/2025 17h00 – Atualizado em 16/04/2025 17h48

A retro walking costuma ser incorporada a protocolos de reabilitação, condicionamento funcional e preparação esportiva específica Imagem: New Africa | Shutterstock

A caminhada é uma atividade física bastante popular e fácil de praticar, sendo acessível para pessoas de diferentes idades e níveis de condicionamento. Ela pode ser feita em parques, calçadas, dentro de casa ou até em esteiras.

“A caminhada melhora a saúde cardiovascular e diminui o risco de doenças como obesidade, diabetes e alguns tipos de câncer, além de ser capaz de reduzir dores e retardar o dano na articulação em pessoas com artrose”, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

Apesar disso, novas formas de se exercitar têm ganhado adeptos — entre elas, a caminhada para trás, também chamada de retro walking. “E andar de costas na esteira também pode trazer benefícios, dependendo dos seus objetivos. A prática é recomendada especialmente em três situações: reabilitação, treinos funcionais e treinos voltados para a prática de certos esportes”, destaca o profissional.

Caminhada reversa e coordenação motora

Segundo o ortopedista Dr. Fernando Jorge, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e mestre em Biomecânica do aparelho locomotor (bioengenharia) pela Universidade de São Paulo (USP), a caminhada reversa contribui para melhorar a coordenação, a postura e o equilíbrio, pois exige mais da propriocepção. “A propriocepção é a capacidade do corpo de sentir a sua posição e movimentos, permitindo que o cérebro saiba onde o corpo está no espaço”, detalha o médico.

Caminhar para trás na esteira pode ajudar em momentos de reabilitação Imagem: Pixel-Shot | Shutterstock

Músculos ativados e benefícios para reabilitação

Outro grande benefício da prática está no fato de recrutar músculos que normalmente não são trabalhados durante a caminhada convencional. “Os principais grupos musculares trabalhados durante a retro walking são os músculos isquiotibiais, glúteos e músculos estabilizadores da lombar. Já ao caminharmos de frente utilizamos mais o quadríceps, os músculos do core, como abdômen e lombar, os músculos isquiotibiais e os glúteos“, diz o Dr. Marcos Cortelazo.

Inclusive, essa maior ativação muscular, principalmente das pernas, é cientificamente comprovada, assim como também existem evidências de que esse tipo de exercício pode melhorar a coordenação motora e ajudar na reabilitação de lesões nos membros inferiores. “É um exercício que pode ajudar em momentos de reabilitação, pois caminhar para trás não causa o mesmo impacto nas articulações que a prática convencional de caminhada”, pontua o Dr. Fernando Jorge.

Cuidados e contraindicações

O Dr. Marcos Cortelazo ressalta que a realização da caminhada reversa pode ser especialmente interessante para atletas que precisam melhorar suas habilidades, pessoas que buscam aprimorar suas habilidades funcionais e como parte da fisioterapia de pacientes que estão em recuperação de cirurgias ou lesões. “Contudo, em pessoas com dificuldades ou problemas de equilíbrio, como idosos, há risco de queda, então não é recomendado”, alerta o médico.

Mas o risco de queda não é o único, então o Dr. Fernando Jorge acrescenta outras contraindicações: “Pessoas com histórico de lesões articulares, especialmente nas articulações do joelho e tornozelo, devem evitar o exercício ou pelo menos adaptá-lo. Já indivíduos com condições pré-existentes como problemas nos discos intervertebrais da coluna, pode haver um risco de agravamento da dor nas costas, devido à posição e ao esforço de estabilização exigido pela caminhada para trás”, pontua.

Então, apesar dos benefícios da caminhada reversa, principalmente em termos de ativação muscular e melhorias na coordenação e equilíbrio, é importante adotar alguns cuidados para evitar quedas e sobrecarga nas articulações.

“É importante buscar a orientação de um profissional para garantir a execução correta do movimento e prevenir lesões, especialmente no caso de iniciantes ou pessoas com limitações físicas. Além disso, procure um ambiente seguro e controlado, como uma academia, e progrida gradualmente, começando com sessões curtas e aumentando aos poucos a duração e a intensidade conforme seu corpo se adapta”, finaliza o Dr. Fernando Jorge.

Por Maria Paula Amoroso

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