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Dirigentes de futebol e a conta da má gestão no futebol brasileiro

por Ricardo Motta
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ETTORE CHIEREGUINI/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Palmeiras, por sua vez, alcançou títulos nacionais e internacionais ao combinar investimentos estratégicos, e gestão profissionalizada

O início de uma nova temporada no futebol brasileiro é sempre marcado por grandes expectativas, tanto nos gramados quanto nos bastidores. No entanto, um comportamento frequente dos dirigentes chama a atenção: contratações milionárias realizadas mesmo quando os clubes enfrentam sérias dificuldades financeiras. Essas contratações, realizadas mesmo diante de dificuldades financeiras, levantam questões sobre a responsabilidade civil dos gestores, especialmente quando comprometem a saúde financeira e o futuro das instituições que administram. Por outro lado, exemplos de sucesso mostram como uma administração profissional e transparente pode transformar clubes em modelos de eficiência e competitividade.

Uma gestão profissional, transparente e responsável é indispensável para que os clubes de futebol se destaquem no cenário nacional e internacional. Exemplos como Flamengo, Palmeiras e Botafogo demonstram como práticas administrativas sólidas podem transformar clubes em verdadeiros modelos de sucesso. O Flamengo, com uma administração focada em planejamento financeiro, governança e aumento de receitas, conquistou títulos expressivos como a Copa Libertadores, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. 

Palmeiras, por sua vez, alcançou títulos nacionais e internacionais ao combinar investimentos estratégicos, fortalecimento das categorias de base e uma gestão altamente profissionalizada, garantindo também solidez financeira. Já o Botafogo, ao adotar o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), atraiu investidores e, com uma reestruturação eficiente, conquistou a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro em 2024. Esses casos não apenas comprovam a eficácia de boas práticas de gestão, mas também oferecem um modelo que pode inspirar outros clubes a seguir o mesmo caminho.

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Apesar dos avanços em alguns clubes, a realidade brasileira ainda é marcada por decisões administrativas irresponsáveis. Contratações milionárias, muitas vezes desproporcionais à realidade financeira do clube, são um dos exemplos mais recorrentes. Justificadas como estratégias para alcançar resultados esportivos imediatos, essas práticas frequentemente resultam em endividamento excessivo, comprometendo a sustentabilidade e a competitividade da instituição no médio e longo prazo.

Do ponto de vista jurídico, tais condutas tendem a ser configuradas como gestão temerária ou irresponsável, especialmente quando não há justificativa técnica ou planejamento financeiro adequado. Nesse sentido, a legislação brasileira estabelece a possibilidade de responsabilização civil dos dirigentes, que podem responder pelos prejuízos causados às entidades que administram. Os dirigentes possuem deveres legais que incluem a diligência, que exige a tomada de decisões informadas, cuidadosas e baseadas em análises criteriosas; a lealdade, que determina a atuação sempre no melhor interesse do clube, evitando conflitos de interesse e priorizando a sustentabilidade institucional; e a transparência, que impõe a obrigação de prestar contas de forma clara e acessível, garantindo que todos os atos de gestão sejam devidamente fundamentados e justificados.

A violação desses deveres pode gerar a responsabilização jurídica dos dirigentes, conforme previsto no Código Civil, que estabelece a responsabilização por negligência, imprudência ou má-fé; na Lei Pelé, que reforça a transparência e prestação de contas; e na Lei da SAF, que cria mecanismos mais rígidos de controle e fiscalização.

As consequências de uma gestão irresponsável nos clubes de futebol são amplas e vão além das finanças imediatas. No campo financeiro, decisões mal planejadas podem gerar um aumento expressivo do endividamento, dificultando o cumprimento de salários, tributos e outros compromissos. A perda de crédito no mercado também reduz as chances de financiamentos ou renegociações de dívidas em condições favoráveis, agravando ainda mais a situação econômica da instituição. No aspecto esportivo, a negligência administrativa compromete a capacidade do clube de competir em alto nível.

A falta de recursos limita investimentos em contratações, infraestrutura e categorias de base, essenciais para resultados consistentes. Isso reduz a atração de jogadores de qualidade e o desenvolvimento de talentos internos, impactando negativamente o desempenho técnico da equipe e podendo levar a rebaixamentos ou campanhas abaixo das expectativas. Na dimensão reputacional, os prejuízos são igualmente significativos.

Problemas de gestão afetam a credibilidade do clube perante patrocinadores, investidores e torcedores, afastando parceiros comerciais e dificultando novos investimentos. A percepção de instabilidade administrativa enfraquece a marca do clube, comprometendo receitas provenientes de contratos, bilheteria, sócio-torcedor e produtos licenciados. Além disso, a confiança abalada dos torcedores afeta diretamente a relação emocional com o clube.

O futebol brasileiro é um patrimônio cultural e econômico de enorme potencial. Para que os clubes prosperem, é indispensável que as decisões administrativas sejam tomadas com responsabilidade e compromisso com a sustentabilidade financeira. Mais do que buscar resultados imediatos, é essencial preservar o patrimônio esportivo e cultural dos clubes, garantindo que futuras gerações herdem um futebol forte, competitivo e sustentável. A profissionalização da gestão e a responsabilização dos dirigentes são pilares fundamentais para transformar o cenário esportivo, acompanhando a evolução global e garantindo um futebol mais moderno e sustentável.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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