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Noutros tempos, dizia-se que o noticiário político deveria sair na seção de polícia. Hoje, o caderno de economia talvez fosse uma opção mais apropriada. O centrão observa a impopularidade de Lula e o prontuário de Bolsonaro com interesse empresarial. Ou patrimonial. Os chefes do conglomerado partidário enxergam duas oportunidades de negócio.
Nesta quinta-feira, Lula e Bolsonaro trocaram sopapos verbais. Numa entrevista, Lula disse que seu antagonista “se autocondena” ao defender a anistia antes de ser julgado. A “única saída” que vê para Bolsonaro e seus cúmplices é “a prisão”. Em postagem no X, o capitão anotou que “coisas acontecem” com a oposição “toda vez que Lula está nas cordas”. Num evento do PL, soou vulgar: “Caguei para a prisão!”.
Faltam a Lula aprovação popular, um antídoto para a carestia e um rumo. A satanização de Bolsonaro não o fará bombar nas pesquisas, não derrubará o preço do ovo e não colocará o governo nos trilhos. Faltam a Bolsonaro recato e algo que se pareça com uma defesa técnica. O lero-lero da perseguição política não produz decoro nem traz argumentos capazes de livrá-lo da tranca.
Na política, como na vida, quem deixa de aproveitar oportunidades para se reposicionar no palco acaba se tornando a oportunidade que outros aproveitam. O centrão não perde por esperar. Ganha! Realiza dois movimentos. Num, encarece o preço do seu hipotético apoio ao governo. Noutro, aplica seu principal ativo -o pseudopoder moderador— na articulação de uma alternativa conservadora para 2026.
Opinião
Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.