‘Se o Parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada, tem que cumprir a vontade do parlamento, que representa a vontade da maioria do povo brasileiro’, disse como recado ao STF
- Por Jovem Pan
- 07/05/2025 19h52 – Atualizado em 07/05/2025 21h11
TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
No discurso em cima de um carro de som, Bolsonaro comemorou a adesão dos manifestantes numa quarta-feira (7) em Brasília
Em ato na capital federal nesta quarta-feira (7), o ex-presidente Jair Bolsonaro, descumprindo recomendação médica, subiu no carro de som e voltou a defender a anistia dos acusados de envolvimento no 8 de Janeiro. Bolsonaro afirmou que se o projeto que livra da punição os condenados pelos atos extremistas for aprovado no Congresso não poderá haver qualquer contestação dos demais Poderes.
“Anistia é um ato político e privativo do Parlamento brasileiro. Se o Parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada, tem que cumprir a vontade do parlamento, que representa a vontade da maioria do povo brasileiro”, disse. A declaração vem como recado ao Supremo Tribunal Federal (STF), corte em que ministros têm se pronunciado contra a anistia dos condenados.
Ato pró-anistia convocado pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro (WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO)
No breve discurso em cima de um carro de som, Bolsonaro comemorou a adesão dos manifestantes numa quarta-feira em Brasília. “Quem esperava um público como esse, em Brasília, no meio de uma semana? Ninguém esperava. Pouca gente esperava isso. A presença de vocês aqui é a certeza de que estamos no caminho certo”. Essa é a primeira manifestação bolsonarista em Brasília desde a que culminou na depredação dos prédios dos Três Poderes, em 8 de Janeiro de 2023. O mote do ato é justamente o perdão aos condenados no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo vandalismo em Brasília.
Logo após a fala de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia anunciou que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara havia aprovado projeto que susta a ação penal aberta pelo Supremo Tribunal Federal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). O projeto também beneficiaria Bolsonaro, também réu na ação penal. O texto ainda vai ser submetido ao plenário da Câmara.
Jair Bolsonaro e Pastor Silas Malafaia (TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)
Durante a caminhada dos manifestantes da Torre de TV até a pista na frente do Congresso, políticos se revezaram em discursos. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro aproveitou para citar dois ministros do STF: Gilmar Mendes e Luiz Fux. De Gilmar, Michelle citou voto em que liberou da prisão a ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Anselmo, presa por corrupção.
Michelle citou o exemplo para defender que a bolsonarista Débora dos Santos, condenada a 14 anos de detenção, também seja beneficiada e não corra o risco de voltar para a cadeia. Ela cumpre prisão domiciliar. Débora participou dos atos de 8 de Janeiro e usou um batom para pixar estátua na frente do STF.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ex-presidente (TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)
“Gilmar Mendes argumentou que a prisão de mulheres grávidas ou com filhos sob os cuidados delas é absolutamente preocupante. [. .] Pois bem, meus amados, Débora pegou dois anos de prisão, está em casa, pode voltar para a cadeia, tem dois filhos pequenos. Por que que a balança só pesa para um lado?”, disse Michelle. Sobre Fux, a mulher de Bolsonaro agradeceu pelo fato de o ministro do STF defender revisão do tamanho das penas.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro com o marido (TON MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO)
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carol Santos
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