Jovem Pan > Notícias > Economia > Mercosul amplia isenções tarifárias diante de incertezas causadas por guerra comercial de Trump

Lista Nacional de Exceções à Tarifa Externa Comum estabelece alíquotas entre 0% e 35% para produtos importados de fora do bloco, permitindo exceções para cada país

  • Por Jovem Pan
  • 11/04/2025 20h17

EFE/Ministério das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina

Ministros de Relações Exteriores de países do Mercosul posam para foto oficial

Em meio às turbulências no comércio internacional, os chanceleres dos países do Mercosul decidiram nesta sexta-feira (11), em reunião realizada em Buenos Aires, ampliar temporariamente o número de produtos nacionais isentos da Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco. A medida ocorre em resposta à instabilidade provocada pelas recentes ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que alterou as regras do comércio global ao impor altas tarifas de importação. Após aumentos generalizados, o governo americano anunciou na quarta-feira (9) uma redução temporária das tarifas para 10% por 90 dias, excetuando os produtos chineses, que passaram a ser taxados em 125%.

Diante desse cenário “mutável e desafiador”, os ministros das Relações Exteriores do Mercosul acordaram em ampliar, de forma temporária, a Lista Nacional de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) em até 50 códigos tarifários por país, conforme comunicado oficial. A Letec estabelece alíquotas entre 0% e 35% para produtos importados de fora do bloco, permitindo exceções para cada país. Após a última atualização, em 2021, Argentina e Brasil contam com 100 códigos isentos, enquanto Paraguai e Uruguai têm, respectivamente, 649 e 225. Com a decisão, cada país poderá adicionar 50 novos itens à sua lista de exceções.

Especialistas consideram a medida estratégica. Para Ignacio Bartesaghi, diretor do Instituto de Negócios Internacionais da Universidade Católica do Uruguai, a flexibilização permite que os países membros tenham autonomia para negociar individualmente com os Estados Unidos, sem depender de consenso entre todos os integrantes — algo considerado difícil no momento, principalmente diante das tensões entre Brasil e Argentina.

O presidente argentino, Javier Milei, tem criticado abertamente o bloco. No mês passado, afirmou que o Mercosul serviu apenas para “enriquecer os industriais brasileiros” e voltou a sinalizar a possibilidade de abandonar a união aduaneira, que passou a incluir a Bolívia em 2023.

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Durante a reunião, os chanceleres também concordaram em retomar os debates sobre a modernização do Mercosul. Os negociadores técnicos devem se reunir nos dias 23 e 24 de abril, enquanto o próximo encontro entre ministros está marcado para 2 de maio. A presidência temporária do bloco segue com a Argentina até julho, quando será transferida ao Brasil durante a próxima cúpula de chefes de Estado.

*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira

  • Tags:
  • Donald Trump, Mercosul, Tarifas

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